domingo, 12 de junho de 2016

"VÂNDALOS" - Capítulo 2 | Parte 2

PARA ENTENDER A HISTÓRIA É PRECISO LER, ESTUDAR, PESQUISAR, QUESTIONAR E CONSTRUIR A SUA.

A História é o estudo do passado. Esta ciência humana é de fundamental importância para entendermos o que fomos e o que somos. Um povo que conhece e valoriza sua história está mais preparado para enfrentar os desafios do futuro. A História tem como objetivo principal analisar e interpretar as ações dos seres humanos no tempo e espaço.

Para entender o momento histórico que vivemos é preciso retornar um pouco na História. Vamos agora estudar um pouco de teoria numa série de postagens sobre aqueles que lutaram contra o poder estabelecido, desde a Antiguidade e que foram por isso denominados "vândalos".

TEORIA PARA A LUTA - "VÂNDALOS"


Capítulo 1 - O termo "Vândalos"

Capítulo 2 - Marginal | Parte 1



Capítulo 2 - Marginal | parte 2



DIANTE DE TANTO SOFRIMENTO OS ESCRAVOS  REAGIRAM DE VÁRIAS MANEIRAS 

Os escravos reagiam contra a escravidão de diversas maneiras. Algumas mulheres, por exemplo, provocavam abortos para evitar o sofrimento futuro do filho.
 Outros cativos chegaram a praticar o suicídio, enforcando-se ou envenenando-se.
As fugas individuais e coletivas eram constantes. Alguns desses escravos fugidos procuravam a proteção de
negros livres que habitavam as cidades.
 Outros formavam comunidades com organização social própria e uma  rede de alianças com diversos grupos da sociedade. Essas comunidades eram chamadas de quilombos.
Além da fuga, rebelião ou violência contra senhores ou feitores, os escravos criaram outras estratégias deresistência à escravidão.
Faziam corpo mole no trabalho, isto é, reduziam ou paralisavam suas atividades.  Muitas vezes, sabotavam a produção quebrando ferramentas ou incendiando plantações. Na produção do açúcar, por exemplo, a sabotagem dos escravos era uma ameaça constante. Fagulhas de madeira lançadas nos canaviais provocavam incêndios, dentes quebrados jogados na moenda do engenho podiam inutilizar o maquinário e arruinar a safra ou comprometer a produção.

Entre os tipos de resistência à escravidão, a formação de grupos de escravos fugidos era freqüente na América. No Brasil, esses grupos recebiam o nome de QUILOMBOS ou mocambos, e seus membros eram chamados de quilombolas, calhambolas  ou mocambeiros. A palavra quilombo é de origem africana e significa população, união.
A resistência quilombola foi uma forma de luta escrava freqüente em vários períodos e regiões do Brasil. Desde o século XVII até os anos finais da escravidão, muitos africanos e seus descendentes continuaram fugindo e se reunindo em quilombos, construindo histórias de luta pela liberdade.
Há vários estudos sobre quilombos em São Paulo, Minas Gerais, Mato Grosso, Goiás, Rio de Janeiro, Rio Grande do Sul, Bahia e Pernambuco.
Embora a população dos quilombos fosse composta principalmente de africanos e seus descendentes, havia também entre eles indígenas ameaçados pelo avanço europeu, soldados desertores, gente perseguida pela justiça ou simples aventureiros e vendedores.
A vida socioeconômica dos quilombos estava ligada a uma série de atividades: agricultura, caça, coleta, mineração e comércio. Seus integrantes sustentavam-se por meio de alianças "clandestinas" com escravos de ganho, libertos e homens livres, principalmente comerciantes. O Quilombo dos Palmares foi um dos maiores do Brasil colonial. Recebeu esse nome porque ocupava uma extensa região de palmeiras, situada no atual estado de Alagoas. Na época, a região de Palmares pertencia à capitania de Pernambuco.
Várias expedições militares  foram organizadas para destruir Palmares. Apesar disso, o quilombo resistiu por 65 anos (1629-1694), chegando a ter, segundo o governador de Pernambuco na época, aproximadamente 20 mil habitantes. Esse número provavelmente foi aumentado pelo governador, que, assim, pretendia justificar o fracasso das primeiras expedições militares enviadas contra Palmares.
Em Palmares, os quilombolas criavam gado e cultivavam milho, feijão, cana-de-açúcar e mandioca. Realizavam um razoável comércio com os povoados próximos.
Para os senhores de engenho, o Quilombo dos Palmares representava um desafio permanente. Era um sinal concreto de que havia outro modo de vida possível para o escravo fugitivo.

PALMARES RESISTIU BRAVAMENTE ATÉ ONDE FOI POSSÍVEL

Um dos nomes que se destacou em Palmares foi Ganga Zumba (1656 a 1678). Pressionado pelos ataques dos colonos, Zumba fez um acordo de paz com o governador de Pernambuco. O acordo previa liberdade para os negros nascidos em Palmares com a condição de serem devolvidos aos colonos os escravos recém-chegados ao quilombo. 
O sobrinho de Ganga Zumba, Zumbi, fez parte do  grupo que não aceitava esse acordo. Zumba foi destituído e assassinado, e Zumbi passou a ser um dos fortes lutadores de  Palmares, na luta contra vários ataques ao Quilombo. Em 1687, o governo e os senhores de engenho contrataram o bandeirante paulista Domingos Jorge Velho e  seus comandados para atacar Palmares.
 Em 1692, o ataque se realizou. O plano de Jorge Velho era cercar o quilombo e matar todos os seus membros. Os quilombolas defenderam bravamente sua liberdade. Milhares de pessoas morreram nessa luta em que os bandeirantes foram derrotados.
Houve, entretanto, novo ataque comandado por Jorge Velho ao Quilombo dos Palmares. Dessa vez, o governo enviou ajuda aos bandeirantes: cerca de 6 mil homens, todos bem armados. Os quilombolas não tinham armas e munições suficientes, mas ainda assim resistiram durante cerca de um mês. Ao final do longo combate, o quilombo foi destruído e sua população, massacrada.
Zumbi conseguiu escapar ao cerco, fugindo pela mata com um pequeno grupo de companheiros. Dois anos depois, após muitas perseguições, foi preso e morto, em 20 de novembro de 1695. Cortaram- lhe a cabeça, que foi exposta em praça pública, na cidade do Recife.

Zumbi é, sem dúvida, o maior símbolo da liberdade, da força, os negros tentando vencer para conscientizar o mundo de que também são capazes de revolucionar, de mudar esse mundo racista que quer excluir todos os oprimidos.

É PASSADO UMA VISÃO DE UMA PRINCESA BOA QUE QUERIA O FIM DA ESCRAVIDÃO

A história não é bem assim, vamos entender melhor isso:

Primeiro que, o fim do trabalho escravo já era debatido na sociedade mundial à anos, desde o iluminismo, passando pela Revolução Industrial e sua necessidade de construir um mercado consumidor para seus produtos e escravo, como não ganha salário, não consome. Assim, a sociedade brasileira sabia que, mais cedo ou mais tarde, teria que substitu este tipo de exploração da mão de obra, por outro mais"moderno."

Como a base da economia brasileira era trabalho escravo, a substituição por "escravos assalariados" não poderia ser feita de forma brusca. Era necessário um processo para que os "nossos" grandes fazendeiros 
pudessem adaptar a produção e não ter prejuízos.

Em 1850, por pressão do Imperialismo Inglês, o Brasil promulgou a Lei Euzébio de Queiroz, que proibia o 
tráfico de negros, ou seja, não se poderia mais trazer africanos para o país.

Em 1871 a chamada  Lei do Ventre Livre declarava que todos os filhos de escravos nascidos desde então, seria considerados livres. Na prática, pouca coisa mudou, afinal a criança só poderia air de perto da mãe escrava quando completasse a maioridade.  

Em 1885 a chamada Lei do Sexagenário declarava  livre todos os escravos com mais de 65 anos de idade. Na prática, pouca coisa mudou, afinal, em pleno século XIX, será que um trabalhador escravo, trabalhando cerca  de dezesseis horas por dia, com dieta de feijão com farinha e dormindo na insalubridade da senzala chegaria a esta idade.

Quando os negros ficaram livres, significa dizer também que ficaram sem trabalho, sem casa, sem comida, sem seguro-desemprego, etc. Segundo Júlio José Chiavenato, em seu livro  "O Negro no Brasil ",  a Abolição libertou o homem branco dos escravos.

Em 1888 o Brasil estava praticamente livre da escravidão. Só faltava livrar-se dos escravos e a Lei  Áurea regularizou uma situação de fato.


                                 O SISTEMA CRIA O MARGINAL

 A  IDEOLOGIA DO RACISMO manteve a sua estrutura fundamental, só alterando as formas da sua manifestação. No período da escravidão, os negros ERAM SEM ALMA, eram não humanos, portanto passiveis de serem tratados de forma desumana; na transição da escravidão para o assalariato, os negros eram incompetentes para trabalhar no novo sistema de contratação, portanto passives de serem excluídos do mercado formal de trabalho; em seguida, os negros tinham como alternativa de inserção social a assimilação dos valores brancos inclusive pelo mascaramento de características visíveis da sua origem via miscigenação.

O Brasil foi o ÚLTIMO país na América a abolir a escravidão, sendo o país com a SEGUNDA maior população negra, ficando atrás apenas da Nigéria.
Com a ABOLIÇÃO da escravidão no Brasil, em 1888, este segmento importante da sociedade brasileira vai ser jogado, novamente, À MARGEM da sociedade. Uma vez que não terão mais espaço tanto na lavoura cafeeira como nas plantações de cana de açúcar. Com o advento da abolição o que vai se verificar é a intensificação do projeto, iniciado com o governo imperial, de incentivo a IMIGRAÇÃO EUROPÉIA, colocada em prática no início do século XIX. O objetivo principal da imigração europeia era o branqueamento da população brasileira.

Os povos negros não terão mais lugar no espaço rural e o que vai se verificar é um êxodo para as cidades, que não irão absorver esta mão de obra excedente. Eles ficaram á margem dessa sociedade que exclui e oprimi o nosso povo. A preferência  pelo trabalhador imigrante consolidou o mito de que o negro era BRONCO e VAGABUNDO. 


Temos aí o novo termo que é o MARGINAL.
 
Marginal é aquilo que está  ás margens de alguma coisa.

Basta assistir os programas sensacionalistas, que você escutará este termo sempre que estiverem se referindo a alguém da periferia, mas o termo para eles é para destruir ainda mais esta pessoa que a sociedade capitalista produziu.

Os negros livres, obrigados à vagabundagem foram estigmatizados como incorrigíveis  malandro, sub homens perigosos para a moralidade pública. Vagando sem rumo, procurando fixar-se e repudiados, foram vítimas das autoridades e do revanchismo de antigos proprietários, que mataram muitos negros.
Por isso até hoje, muitos ainda vivem em situações precárias e muita gente pensa que isso é culpa deles.         


quarta-feira, 8 de junho de 2016

"VÂNDALOS" - Capítulo 2 | Parte 1

PARA ENTENDER A HISTÓRIA É PRECISO LER, ESTUDAR, PESQUISAR, QUESTIONAR E CONSTRUIR A SUA.

A História é o estudo do passado. Esta ciência humana é de fundamental importância para entendermos o que fomos e o que somos. Um povo que conhece e valoriza sua história está mais preparado para enfrentar os desafios do futuro. A História tem como objetivo principal analisar e interpretar as ações dos seres humanos no tempo e espaço.

Para entender o momento histórico que vivemos é preciso retornar um pouco na História. Vamos agora estudar um pouco de teoria numa série de postagens sobre aqueles que lutaram contra o poder estabelecido, desde a Antiguidade e que foram por isso denominados "vândalos".

TEORIA PARA A LUTA - "VÂNDALOS"


Capítulo 1 - O termo "Vândalos"
http://abre-tesesamo.blogspot.com.br/2016/05/para-entender-historia-atual-e-preciso.html




Capítulo 2 - Marginal | parte 1

A ESCRAVIDÃO (denominada ainda de escravismo ou escravatura) é a prática social em que um ser humano tem direitos de propriedade sobre outro designado por escravo, ao qual é imposta tal condição por meio da FORÇA.
A escravidão pode ser definida como o sistema de trabalho no qual o indivíduo (o escravo) é propriedade de outro, podendo ser vendido, doado, emprestado, alugado, hipotecado, confiscado. Legalmente, o escravo não tem direitos: não pode possuir ou doar bens e nem iniciar processos judiciais, mas pode ser castigado e punido.

A escravidão é bem antiga, foi praticada por muitos povos, em diferentes regiões, desde as épocas mais antigas. Nos diferentes lugares e momentos históricos a escravidão teve seu caráter específico e foi sustentada em determinadas IDEOLOGIAS. Na ANTIGUIDADE, ela era legitimada a partir de questões hierárquicas, ou seja, na ideia de que o escravo era, de algum modo, um INDIVÍDUO INFERIOR na sociedade. Como constatamos no texto anterior sobre a Grécia: para Aristóteles, OS BÁRBAROS eram fora-da-lei naturais, essencialmente escravos; seria justo escravizá-los pois não tinham lei.

No MUNDO MODERNO, a justificativa dos europeus centrava-se na inferioridade dos negros e na crença de que eles, colonizadores, cristãos e civilizados, tinham a MISSÃO DE SALVAR OS NEGROS e retirá-los do inferno que era a África.

Antes eram feitos escravos os prisioneiros de guerra e pessoas com dívidas, mas posteriormente destacou-se a escravidão de negros africanos. Na IDADE MODERNA, sobretudo a partir da descoberta da América, houve um florescimento da escravidão, desenvolvendo-se então um cruel e lucrativo comércio de homens, mulheres e crianças entre a África e as Américas. A escravidão tinha motivos econômicos, mas passou a ser justificada por razões morais e religiosas e baseada na crença de uma suposta SUPERIORIDADE RACIAL E CULTURAL dos europeus. Chamava-se de TRÁFICO NEGREIRO o transporte forçado de africanos para a América como escravos durante o período colonialista.

A escravidão negra foi implantada durante o século XVII e se intensificou entre os anos de 1700 e 1822, sobretudo pelo grande crescimento do tráfico negreiro. O comércio de escravos entre a ÁFRICA e o BRASIL tornou-se um negócio muito lucrativo. O apogeu do afluxo de escravos negros pode ser situado entre 1701 e 1810, quando 1.891.400 africanos foram desembarcados nos portos coloniais.
Esse processo de migração forçada que foi imposto aos povos africanos não tem paralelo nenhum na história da humanidade.

Nada comparável aconteceu a nenhum outro povo. Os europeus, para realizar tamanha atrocidade, tiveram que vencer as intempéries marítimas, construir portos, dividir os povos africanos, promovendo  durante  três séculos o MAIOR GENOCÍDIO que a história  conheceu, homens, mulheres e crianças foram mortos, torturados e violentados culturalmente.

Os negros eram negociados em portos específicos da África, sendo uma  das atividades mais rentáveis para a empresa  mercantilista na  época. Enfrentavam  de três a quatro meses de viagem dentro de  navios  feitos especificamente  para este fim  e  que  eram  conhecidos como Tumbeiros. As taxas de  mortalidade dentro destas embarcações eram altíssimas, chegando a 1/3 dos negros que não conseguiam completar o martírio e desembarcar em território brasileiro. (assista ao filme AMISTAD)

De 1400 a 1900, a  população  negra da  África  ficou  estagnada. Estima-se que 100 milhões de africanos desapareceram em decorrência das guerras internas provocadas pelos traficantes de negros. (Livro"O negro no Brasil", Júlio José Chiavenato)

Em território brasileiro os negros foram utilizados nas  lavouras de cana-de-açúcar, em trabalhos dentro das casas -grandes e  também  nas  cidades, nos primeiros  núcleos  urbanos que  se desenvolviam  no território conquistado. Os  negros, vivendo  em  condições  subumanas  dentro  dessas  gigantescas  fazendas, eram tratados como animais e mercadorias, chegavam com uma expectativa de vida  de, mais ou menos, 15 anos devido às péssimas condições de alojamento e alimentação, as jornadas diuturnas de trabalho e aos castigos submetidos nos  engenhos, tudo isso com a bênção da  IGREJA CATÓLICA APOSTÓLICA ROMANA, que também possuía escravos em seus domínios.

Alguns padres foram cruéis proprietários de escravos e acusados de sadismo. Não foram poucos os sacerdotes que usaram as negras para saciar sua luxúria. Faziam-lhes filhos que nasciam escravos e os abandonavam à própria sorte. Um exemplo: José do Patrocínio (1853-1905)

A povoação do Brasil se iniciou em torno do engenho, com toda uma série de atividades paralelas para fornecer gado, alimento, lenha etc. Logo se impôs a figura do ‘senhor de engenho”, rodeado de agregados e parentes. Nesse processo nasceu de fato o Brasil, que só cresceria pelo trabalho escravo dos negros africanos. Os engenhos tinham em média de 150 a 200 negros, no seu auge, de 1600 a 1700. (O negro no Brasil – Júlio José Chiavenato)

Nas fazendas de açúcar ou nas minas de ouro (a partir do século XVIII), os escravos eram tratados da pior forma possível. Trabalhavam muito (de sol a sol), recebendo apenas trapos de roupa e uma alimentação de péssima qualidade. Passavam as noites nas senzalas (galpões escuros, úmidos e com pouca higiene) acorrentadas para evitar fugas. Eram constantemente castigados fisicamente, sendo que o açoite era a punição mais comum no Brasil Colônia.

Eram proibidos de praticar sua religião de origem africana ou de realizar suas festas e rituais africanos. Tinham que seguir a religião católica, imposta pelos senhores de engenho e adotar a língua portuguesa na comunicação. Mesmo com todas as imposições e restrições, não deixaram a cultura africana se apagar. Escondidos, realizavam seus rituais, praticavam suas festas, mantiveram suas representações artísticas e até desenvolveram uma forma de luta: a capoeira.

Com a crise do açúcar começou a febre do ouro, na Colônia e em Portugal. A coroa ansiava pelos lucros da mineração. De 1700 a 1801, foram extraídos 983 mil quilos de ouro. Em cem anos, o Brasil deu ao mundo quase mil toneladas de ouro. Mais que o restante da produção das Américas.

Enquanto esse ouro teve uma importância fundamental na formação do Capitalismo (devido a dependência de Portugal com a Inglaterra, o ciclo do ouro brasileiro trouxe para os ingleses um forte estímulo ao desenvolvimento manufatureiro, uma grande flexibilidade à sua capacidade para importar, e permitiu uma concentração de reservas que fizeram do sistema bancário inglês o principal centro financeiro da Europa) , e a vida dos 600 mil escravos que produziram esta riqueza, piorava cada vez mais.

É importante reafirmar que a Igreja e o clero estavam cientes desse processo de condicionamento do negro, violento e animalesco.

É realmente impressionante como a sociedade compactuava, usufruía e alimentava-se destas práticas desumanas.

No sistema escravista havia um processo de dessocialização, processo em que o indivíduo era capturado e afastado de sua comunidade nativa, depois ele era brutalmente despersonalizado, ou seja, convertido em mercadoria na sequência da sua coisificação.

Ambos os processos aceleravam a transformação do escravo em fator de produção. Morrendo como pessoa ao cair cativo no continente negro, o africano era convertido em mercadoria, em peça marcada a ferro carimbado e tributado pela coroa.

Quanto mais longe e isolado estivesse o escravo de sua comunidade nativa, mais completa seria a sua transformação em fator de produção e mais profícua seria a sua atividade. Quanto mais dessocializado fosse o escravo, maior era seu valor mercantil.