Eu já ultrapassei a barreira do som
Fiz o que pude às vezes fora do tom
Mas a semente que eu ajudei a plantar já
nasceu!!!
Eu vou embora apostando em vocês
Meu testamento deixo minha lucidez
Vocês vão ter um mundo bem melhor que o
meu!!!
[...] Vocês serão o oposto dessa estupidez
Aventurando tentar outra vez
A geração da luz é a esperança no ar!!!
Na
música ”Geração da Luz”, Raul
nos dizia que a semente que ele ajudou a plantar já nasceu e delega para
quem entendeu suas ideias, a tarefa de dar continuidade a elas. Após 26
anos de sua morte, sentimos a necessidade de transformar a data do dia
21/08 em um dia de luta e, a partir daí, também quem não está engajado nas
lutas diárias por nossos direitos repensar suas ações, pois só assim faremos
com que a semente que Raul deixou realmente dê frutos. Não podemos apenas sair
às ruas todo dia 21/08 em clima de festa para lembrá-lo e depois voltarmos para
casa e tudo acaba. Temos certeza que um libertário como Raulzito, que
combateu a censura à liberdade de expressão, o sistema capitalista, o poder do
Estado, da Igreja e da Polícia, não se conformaria só com isso.
Raul e Zé Geraldo deixaram claro que não
podemos ficar em um apartamento “com a boca escancarada cheia de dentes
esperando a morte chegar” e nem “na praça dando milhos aos pombos”, enquanto
tudo está acontecendo.
Vivemos em uma sociedade dividida em classes e
Raul Seixas era contrário a todo tipo de alienação que submete o individuo. Defendia
uma sociedade que defendesse o individuo como único, repudiando o autoritarismo
político, religioso. Posicionava-se como um anarquista.
Anarquismo
é um sistema político que defende a anarquia, que
busca o fim do Estado
e da sua autoridade.
O termo anarquismo tem origem
na palavra grega anarkhia, que significa "ausência de
governo". Representa o estado da sociedade em que o bem comum resultaria
da coerente conjugação dos interesses de cada um. A anarquia é contra a divisão
em classes e, por consequência, é contra toda espécie de opressão de uns sobre
os outros.
O anarquismo é uma teoria política que rejeita
o poder estatal e acredita que a convivência entre os seres humanos é
simplesmente determinada pela vontade e pela razão de cada um.
O
anarquismo recusa a reforma progressiva como meio de desenvolvimento do Estado,
o qual deverá ser fruto da destruição radical da ordem estatal, por meio da
ação direta.
Em letras de Raul, às vezes até
desconhecidas por muitos, ele criticou e descreveu
a sociedade capitalista de ontem e de hoje, em que a corrupção é
inerente a este sistema, como podemos observar na música “Cambalache”:
"Que
o mundo foi, será uma porcaria eu já sei
Em
506 e em 2000 também
Que
sempre houve ladrões, maquiavélicos e safados
Contentes
e frustrados, valores, confusão
Mas que
o século XX é uma praga de maldade e lixo
Já não
há quem negue
Vivemos
atolados na lameira
E, no
mesmo lado, todos manuseados".
Somos vários indivíduos espalhados, neste sentido,
a nossa unidade vai abalar aqueles que sempre ignoraram o Raul,
considerando-o apenas um maluco, mas no sentido pejorativo do termo. Hoje
querem usá-lo para ganhar dinheiro, reforçando cada vez mais essa lógica de
mercado. Um modelo econômico que leva os pobres a um comprometimento financeiro
e a uma alienação imposta pela ideologia dos fetiches, em que consumir produtos
cria uma sensação de bem estar e conforto.
“Ouro
de tolo” é a uma letra em que ele descreve o seu inconformismo em relação à
situação vivenciada pelo cidadão, pelo trabalhador brasileiro.
“Eu devia estar contente porque tenho um
emprego, sou um dito cidadão respeitável e ganho quatro mil cruzeiros por mês.
Eu devia estar feliz pelo Senhor ter me concedido o domingo pra ir com a
família ao Jardim Zoológico dar pipoca aos macacos”.
E tudo isso corria sob um regime militar sangrento, tomado pelo
medo, restando para as pessoas o comodismo, mas Raul afirmava que esta
realidade poderia ser transformada:
“Ah!
Eu é que não me sento no trono de um apartamento, com a boca escancarada, cheia
de dentes, esperando a morte chegar”.
Estamos
espalhados no trabalho, nas escolas e, portanto, sabemos que: "Nunca
se vence uma guerra lutando sozinho".
Sambemos
também o que o Raul achava dos partidos (mesmo os que apresentam em suas siglas
os termos social e socialismo, trabalhadores e trabalhismo), por isso, não
podemos contar nem com eles nem com os sindicatos que estão a serviço
deles. Eles acenam sempre com grandes reformas sociais e que, ao chegarem ao
poder, a situação dos proletários mudará, no entanto, essa tem sido a maior
ilusão na luta pela emancipação, pois você transfere sua ação para
intermediários que são os grandes aliados da burguesia, pois fazem suas
agitações eleitoreiras, enfraquecendo as forças dos proletariados, seus desejos
de rebeldia e mudança, mas, quando as massas estão prestes a explodir, eles apontam
as campanhas eleitorais como solução.
Como bons entendedores das mensagens de
Raulzito, sabemos que uma nova sociedade só será possível quando acreditarmos
que a destruição do capitalismo apenas ocorrerá com o movimento real, na ação
direta.
Temos de lutar de forma autônoma em defesa do
internacionalismo, rompendo todas as barreiras entre os trabalhadores e, como
dizia Che Guevara, "Se você é capaz de tremer de indignação
cada vez que se comete uma injustiça no mundo, então somos companheiros".
Estamos aqui, tentado dialogar com aquele que
realmente entendeu a mensagem do Raul e sabe de que lado da luta de
classes está. Só existem dois lados (exploradores e explorados), não existe
neutralidade.
Nós
chamamos você para se unir a nossa classe (explorados), para nos
juntarmos às lutas existentes e construirmos novas lutas.
A atual conjuntura mostra, mais do que nunca,
que devemos entender tudo o que está acontecendo. Além de ações, precisamos de
bastante teoria, porque as duas devem caminhar juntas.
“É nas
cabeças e nos corações que as transformações têm que acontecer antes de
alcançarem os músculos e se tornarem fenômenos históricos.” (Anarco–sindicalismo
do século XIX).
Quem sabe em um destes 21/8 poderemos realizar
o sonho de Raul que ficou marcado na música “O Dia Em Que a Terra Parou”:
"Foi assim num dia em que todas as pessoas
Do planeta inteiro resolveram que ninguém
Ia sair de casa, como se fosse combinado
E em todo planeta, naquele dia,
Ninguém saiu de casa, ninguém".
Podemos transformar este dia em uma grande GREVE Geral,
mas para isso nós temos que batalhar bastante e tentar conscientizar fãs ou não
de Raul Seixas desta necessidade.
Raul
dizia também que:
"Tem gente
que passa a vida inteira
Travando
a inútil luta com os galhos
Sem
saber que é lá no tronco
Que
está o coringa do baralho”.
É por isso que defendemos o voto nulo e a ação direta, por sabermos que o problema está no
capital e não nos seus capachos, os candidatos que são eleitos para garantirem
a mesma estrutura, sempre.
Se você tiver interesse em conhecer
esses malucos, quer apresentar propostas, críticas e construir esta luta
conosco, estamos abertos. Entre em contato:
email: metrolinha743raul@gmail.com