sexta-feira, 31 de julho de 2015

FILME: ILHA DAS FLORES


No documentário Ilha das Flores podemos visualizar o quanto o sistema capitalista nos é imposto. Nos relatando a estupidez causada pela desigualdade social, o egoísmo do ser humano e como o dinheiro nos domina tendo a pobreza e a fome como partes recorrentes da má distribuição de renda. Apesar de termos um telencéfalo altamente desenvolvido, um polegar opositor e sermos livres, não nos tornamos menos vítimas de uma sociedade embasada no consumo, na lei da oferta e da procura, na qual o objetivo maior é o lucro. Fica bem explícito no documentário que a divisão do trabalho é bastante marcante pelo fato que desde a colheita até o consumo final, cada função é executada de forma a não ter a noção da sua utilização. O curta nos mostra o caminho percorrido de um simples tomate, gerando riqueza e desigualdade no seu percurso. Ilha das Flores, é uma ilha localizada do Rio Guaíba, que banha a cidade de Porto Alegre-RS, cenário onde deveriam existir flores, beleza, harmonia, no entanto, tem o lixo como produto principal de utilização , é onde vai para o tomate podre que uma dona de casa julgou não servir para alimentação da sua família , esse tomate novamente analisado, agora para alimento dos porcos (animais irracionais) , não servindo fica a mercê da população que reside próximo. As pessoas que utilizam o lixo como a sua principal fonte de alimentação, segundo a Teoria de Maslow, que defende como fator primordial as necessidades básicas (fisiológicas), na sua pirâmide ela é a base; alimentação, moradia, saúde; nos mostra de forma clara a exclusão destas pessoas dentro da sociedade, que por não terem oportunidade, educação, conhecimento não lutam pelos seus direitos, simplesmente se acomodam e aceitam a sua condição. Enfim, como área do conhecimento a administração pode contribuir com novas implementações, melhorando a capacidade de realização e práticas benéficas de responsabilidade pública, para que ela venha aumentar de forma efetiva os serviços prestados, criando alternativas destinadas para amenizar e modificar o panorama vigente, melhorando a vida da sociedade a qual ela serve. Prof Vaner do Prado.

terça-feira, 28 de julho de 2015

GIOVANNI ROSSI E A COLÔNIA CECÍLIA



Giovanni Rossi




Giovanni Rossi ( pseudônimo Cardias) ( 1856 - 1943) foi um anarquista italiano, engenheiro agrônomo e médico veterinário de profissão, escritor que por influência dos socialistas libertários experimentalistas franceses ( socialistas utópicos no jargão marxista), escreveu uma série de livros sobre a criação de comunidades experimentais. Foi membro da Associação Internacional dos Trabalhadores (AIT) de Pisa, fundou a Colônia Agrícola Experimental em Cittadella em Cremona, e ganhou notoriedade ao tentar implementar a colônia experimental Cecília no ano de 1890, em território brasileiro, na cidade de Palmeira, estado do Paraná.

Biografia     

 Nascido em uma família de profissionais liberais, filho de pai advogado e mãe de uma tradicional família de médicos da cidade de Pisa, desde cedo Rossi é educado por tutores para seguir as profissões pré-existentes na família - medicina ou advocacia. Contrariando o desejo dos pais, escolhe estudar agronomia e veterinária na Escola Normal Superior de Agronomia onde se diploma em cirurgia veterinária. Em seu período de graduação tem contato com a literatura  socialista antiautoritária e logo passa a militar no partido socialista clandestino de Montescudaio.

Uma comuna socialista

 Entre 1878 e 1891 sob o pseudônimo de Cardias, Giovanni Rossi publica uma série de cinco livros chamada Une communesocialiste  (Uma  comuna socialista), na qual a personagem principal é uma mulher chamada Cecília. Neste ensaio o autor apresenta a história de uma comunidade libertária e coletivista, uma vila imaginada através da qual, critica a religião, a propriedade privada e a família nuclear. Em Novembro do mesmo ano Rossi é preso por suas idéiasantiestatais sendo liberado somente em abril de 1879 quando o caso é arquivado.
 Como osa demais membros da Internacional Rossi é perseguido pela repressão estatal italiana de sua época. Considerada marginal no contexto da política italiana de então, a proposta de Rossi vai ao encontro do projeto dos anarcosindicalistas e marxistas que divididos entre si apostavam na insurreição revolucionária como meio de transformação social. Se distanciando do inssurreicionalismo a proposta de Giovanni Rossi envereda para a possibilidade de resolução dos problemas sociais, do capitalismo e do estadismo - através do socialismo experimental cientificamente fundamentado, mais conhecido como comunismo experimental.

A Cittadella

 Após a prisão muda-se para Brescia onde, alguns anos depois em 1886 começa a publicar com Andrea Costa o jornal LoSperimentale( O Experimento), defendendo a criação de colônias cooperativas horizontais.
 Sua primeira tentativa em constituir uma comuna experimental acontece em Lagoa Lombardo, em Cremona, onde com o apoio do proprietário de uma pequena fazenda adquire uma área onde o solo será cultivado e as instalações erguidas. Em 11 de Novembro de 1887 é fundada a AssociationAgricoleCoopérative de Cittadella( Associação Agrícola Cooperativa de Cittadella) que rapidamente atinge resultados surpreendentes na produção agrícola a ponto de, no Expo Paris de 1889 a "massa falida''daCittadella- como eram chamados por seu críticos - recebem medalha de prata por seu êxito na qualidade e quantidade de seus produtos agrícolas.
 Apesar dos excelentes resultados, Rossi não estava plenamente satisfeito com a "experiência", já que, apesar de ser verdade que a Cittadella era completamente autogestionada e que nela todo trabalho havia sido coletivizado, e seus ganhos socializados, essas transformações no plano do trabalho não levaram a transformações nas relações pessoais entre trabalhadores. Nesse sentido Rossi considerava que o experimento da Cittadella não atingira êxito no sentido de estabelecer meios de coexistência libertários.
 Abandonando o projeto, Rossi decide por uma nova experiência de outro lugar onde possa ser possível estabelecer um verdadeiro laboratório social, apresentando melhores condições de avaliação. Pouco a pouco Rossi se volta para a possibilidade de mover seu experimento para a América e começa a procurar um local que pudesse oferecer maior possibilidade de êxito.


A Colônia Cecília



 A Colônia Cecília foi uma experiência anarquista do italiano Giovanni Rossi, no ano de 1890 no Estado de Paraná. 

Giovanni Rossi foi membro da I Internacional (torna-se membro em 1873) e desde sua adesão, manteve acesso o projeto de formar uma colônia experimental baseada no princípios de autogestão de sua economia, política e liberdade plena aos participantes. Nos meios libertários sua iniciativa não foi bem vista e criticavam esse caráter de fuga da luta que a imagem de uma colônia fazia. 
A Colônia Cecília não foi a primeira colônia coordenada por Rossi, anteriormente, na própria Itália, desenvolveu algumas, sendo a mais conhecida a da Cittadella, na aldeia de Stagno Lombardo (norte da Itália) e que é abandonada em 1889. Mas isso não tira de Rossi sua disposição para tal iniciativa.
 Após a longa travessia de barco, os pioneiros desmbarcam no Brasil, Rio de Janeiro e mudam a decisão de irem para Porto Alegre. Irão para o Paraná, pelo acordo com o governo. Nos priemiros dias de abril, ele e seu  companheiro Evangelista Bendetti, acampam na região que seria a colônia, perto da cidade de Pameira (18 km).       
 Não há confirmação oficial de um tratado entre o Imperador e Giovanni Rossi a respeito de doação de terras, portanto é uma afirmação sem apoio histórico, o fato é que ele recebeu do recente governo republicano, a concessão de algumas terras com o acordo de que em 5 anos que as pagasse, transferindo assim a colônia o direito de posse, isso não aconteceu. Neste início, por perto de 16 pessoas, sendo apenas 1 mulher é que começam o trabalho da terra, “sem regulamentos nem chefes”. 

Preparam o terreno e constroem alojamentos e depósitos de equipamentos e mantimentos, bem com cercados para os animais recém adquiridos. Tudo corre bem e no final de 1890, Rossi parte para Itália com o objetivo de obter mais voluntários para o projeto. Esses chegam em levas sucessivas, chegando aproximadamente à 200 pessoas em maio de 1891 (ver quadro populacional no livro). A estrutura da recente colônia não suporta o grande aumento, surgindo assim vários problemas consequentemente. Falta espaço nos alojamentos e há falta de alimentos. Em tal situação de emergência, formam um grupo de voluntários para trabalhar nas estradas do Governo. Outra alternativa usada foi a obtenção de crédito com os comerciantes, em Palmeira (lastreado no trabalho nas estradas). No entanto, a comunidade se mantém (produção de tijolo, aumento da horta, ampliação dos alojamentos etc).
 No entanto, no aumento da população da colônia e seu estado de pobreza generalizado, gera nos participantes, muitos dos quais, não tinham nenhum contato com o movimento trabalhador internacional ou conhecia as vertentes do socialismo, competitividade e um egoísmo forte se instalam em muitos (a sobrevivência vence a cooperatividade no grupo). Neste meio, instala-se o modelo político parlamentar e a ditadura de algumas famílias, corrompendo os princípios libertários de autogestão e coletividade/liberdade social. 
 Com um ambiente totalmente desestruturado, muitas famílias retiram-se da colônia, indo para a Curitiba. Em junho de 1891, restavam na colônia, sete famílias em disputa.  No mesmo mês, tento a frente sete jovens, reestruturam a colônia em moldes libertários (autogestão e liberdade plena).  Esta forma dura uns 4 meses, tento na colônia umas 30 pessoas. Por este período Rossi retorna a colônia, pois ele é a ponte entre a colônia e o mundo proletário, escrevendo e apresentando a colônia ao mundo, convocando voluntários.
No fim de 1891 chega mais dois grupos de famílias, sendo que a população da colônia chega aproximadamente a 100 pessoas. Embora uma revigorada na comunidade, não se alivia muito a situação de competitividade e rivalidade, chegando mesmo a criar uma corporação informal de família (comparação de quem trabalha e quem não trabalha). Algumas famílias procuram se estabelecer independentemente da colônia. Como se verificava, a situação havia estagnado na colônia provocando um descontentamento e forçando a saída de muitos da colônia. Em abril 1892, o decréscimo populacional é muito grande, não há mais do que 40 pessoas na comunidade. Rossi solicita então a Cappellaro ir a Itália, para convocar novos voluntários para colônia.
 Neste período, alguns ex-participantes (os Gattai estão no meio) da colônia são presos por roubo, contribuindo para uma má imagem da comunidade (até então era boa e regular nas redondezas da colônia). Após este incidente, observa-se um deterioramento nas relações sociais da colônia e a sociedade brasileira em sua volta, sendo que o governador do Paraná pede observação severa da colônia. A favor esta apenas a imprensa local, que procura desassociar a imagem de criminalidade dos ex-membros da colônia com a própria colônia, este apoio embora importante, é muito pequeno perto da campanha maciça contra a “famigerada colônia”. 
No final de 1892, chega uma nova leva de famílias à colônia, subindo o número populacional para umas 80 pessoas. Os problemas anteriores, no entanto, se mantém, o autoritarismo de algumas famílias abafam o ardor libertário das novas famílias que chegam. Em 1893, há como houve anteriormente, saídas das famílias, descontentes com as condutas autoritárias de uns poucos. No período estima-se na colônia umas 50 pessoas. Após 3 anos de experiências da colônia, é apresentada a imprensa anarquista internacional um balanço geral da colônia. Rossi, sendo sincero, com sua perseverança  diminuída, apresenta reflexões críticas sobre a colônia, destacando as heranças burguesas que não são abandonadas na comunidade (inveja, gula, autoritarismo, intolerância etc). No aspecto sexual, Rossi apresenta um caso de um triângulo amoroso consentido, por parte do marido, de sua esposa por um outro. O ciúme e a dificuldade de lidar com situação são apresentados por Rossi. A falta de companheiras na colônia é um aspecto negativo que faz a moral cair. A idéia de amor livre (entende-se poligamia feminina) não é bem aceita no meio da comunidade, os conceitos conservadores e tradicionais ainda estão muito presentes nos habitantes da colônia.
 O fim da colônia esta marcada por dois fatores: A Revolução Federalista de 1893  (Maragatos e Picapaus). Os primeiros são federalistas, descentralização e autonomia dos Estados enquanto os segundos, republicanos, querem um governo forte e central. Os colonos cecilianos aderem aos Maragatos. Tal adesão à causa federalista promove uma retaliação do governo central brasileiro, confiscando e vendendo as terras da colônia. O apoio não é pela causa, mas pela atitude autoritária do governo (representantes do governo exigem pagamento de impostos e quebram instrumentos de trabalho e alojamentos da colônia).
Não há um fator especifico para o fim da colônia, mas vários que se destacaram ao longo de sua jornada, sendo que a data última da colônia seria em abril de 1894, quando as últimas famílias saem da colônia e se dispersam pelo país.




TEXTO SOBRE A DESTRUIÇÃO DO ESTADO

A destruição do Estado é algo que deve ser levado a sério por toda a sociedade, se realmente pretende romper com as desigualdades sociais e mazelas que nos atingem.

Ao contrário que omitem, o Estado Moderno não é algo natural, tem data de criação e atende principalmente um grupo social  em vez de toda a sociedade. Após alguns séculos o Estado Moderno se aperfeiçoou a ponto de se tornar, assim como ocorreu na religião, uma criatura que controla o criador, através de dispositivos como a educação, a legislação, envolvidos com uma cultura pró-Estado recheada de patriotismo e nacionalismo, tudo isso criações humanas datadas e artificiais que buscam gerar emoções que qualquer senso racional e critico sincero não consideraria verdadeiro para a humanidade trilhar caminhos de bem estar e liberdade. 
O modelo que se apoia no Estado é uma amplificação dos preconceitos dos grupos controladores, dominantes que podem expressar e se fazer impor através da estrutura que construíram e onde se escondem, possuem elos de ligação e um observador verá que existe uma tensão entre esses grupos de poderosos, pela primazia do Estado e tudo que ele pode oferecer de vantajoso ao grupo que consegue assumir o controle. Essas ligações entre setores sociais e o Estado, através de sindicatos, partidos, associações e organizações dos diversos fins e setores formam um corpo heterogêneo de influência e que realmente consegue pelos bastidores do Estado, ter suas necessidades atendidas e encaminhadas, deixando de fora boa parte da população. Para alguns isso é relação de classes, o nome é de menos para a exploração e opressão real.
Cientes dessa omissão, a sociedade e principalmente quem está fora desse jogo, deve se organizar e salientamos, se auto-organizar de forma a romper com o modelo estatal totalitário e suas variações mais ou menos hierarquizadas, autoritárias e representativas. São fachadas discursivas de liberdade e democracia que levam a uma prática real de controle e submissão, pois no bastidores do poder não há espaço para a participação popular contínua e esse poder não tolera pressão e uma contra poder sempre o ameaça profundamente, teme que consigamos a tão “utópica” união e gerar o perigo de ruptura revolucionária. É por essa razão que todos os movimentos sociais, principalmente esses que não conseguem se inserir ou controlar e ainda provocam uma resposta de forma agressiva, retribuindo toda a violência estatal acumulada, são caracterizados com inconsequentes, imorais, irracionais, terrorista e qualquer adjetivo que possa justificar a importância da “ordem” que um Estado possa oferecer, mas não o fez até agora e não faz se não for vantajoso para os grupos que o fez e o controla.
Entenda que o Estado não é obra dos miseráveis, dos pobres, dos oprimidos e sim é uma construção de poderosos, com poderosos e para sobretudo assegurar vantagens aos poderosos. Nessa equação, sempre estamos de fora, recebendo as sobras que as ambições e ganâncias possam deixar. É excludente, perverso e inviável para um prazo longo, porque exaure os recursos naturais e concentra riquezas em pequenos grupos, gerando um prejuízo para toda sociedade. As mazelas continuam e dificilmente serão resolvidas dentro da lógica competitiva que alimenta esse modelo de Estado/ hierarquizado/ autoritário/ representativo. 
Repetimos nossa proposta: a sociedade, a gente, se auto-organizar, assumir todas as tarefas relacionadas aos nossos interesses de forma direta, sem representantes. Isso é possível, pois se o modelo que nos oprime e explora é uma construção humana, temos a força, conhecimento para destruir o que nos flagela e construir algo novo que não oprima e não explore ninguém, o que exige um compromisso libertador muito maior do que uma disciplina repressora. 
Assumamos o controle, levamos um novo mundo em nossos corações!


Ativista do Anarkio.net

sábado, 18 de julho de 2015

A MÚSICA SOCIEDADE ALTERNATIVA COM BRUCE SPRINGSTEEN

RIO APA E O SONHO DE UMA SOCIEDADE ALTERNATIVA

FILME: PANTERAS NEGRAS

MANO BROWN SOBRE A REDUÇÃO DA MAIORIDADE PENAL

MORTE E VIDA SEVERINA( ANIMAÇÃO)


Morte e Vida Severina em Desenho Animado é uma versão audiovisual da obra prima de João Cabral de Melo Neto, adaptada para os quadrinhos pelo cartuinista Miguel Falcão. Preservando o texto original, a animação 3D dá vida e movimento aos personagens deste auto de natal pernambucano, publicado originalmente em 1956. Em preto e branco, fiel à aspereza do texto e aos traços dos quadrinhos, a animação narra a dura caminhada de Severino, um retirante nordestino, que migra do sertão para o litoral pernambucano em busca de uma vida melhor.

FILME: TEMPOS MODERNOS

Um operário de uma linha de montagem, que testou uma "máquina revolucionária" para evitar a hora do almoço, é levado à loucura pela "monotonia frenética" do seu trabalho. Após um longo período em um sanatório ele fica curado de sua crise nervosa, mas desempregado. Ele deixa o hospital para começar sua nova vida, mas encontra uma crise generalizada e equivocadamente é preso como um agitador comunista, que liderava uma marcha de operários em protesto. Simultaneamente uma jovem rouba comida para salvar suas irmãs famintas, que ainda são bem garotas. Elas não tem mãe e o pai delas está desempregado, mas o pior ainda está por vir, pois ele é morto em um conflito. A lei vai cuidar das órfãs, mas enquanto as menores são levadas a jovem consegue escapar.

sexta-feira, 17 de julho de 2015

RACIONAIS: MARIGHELLA

QUEM FOI MARIGHELLA? Carlos Marighella nasceu em Salvador, Bahia, em 5 de dezembro de 1911. Era filho de imigrante italiano com uma negra descendente dos haussás, conhecidos pela combatividade nas sublevações contra a escravidão. De origem humilde, ainda adolescente despertou para as lutas sociais. Aos 18 anos iniciou curso de Engenharia na Escola Politécnica da Bahia e tornou-se militante do Partido Comunista, dedicando sua vida à causa dos trabalhadores, da independência nacional e do socialismo. Conheceu a prisão pela primeira vez em 1932, após escrever um poema contendo críticas ao interventor Juracy Magalhães. Libertado, prosseguiria na militância política, interrompendo os estudos universitários no 3o ano, em 1932, quando deslocou-se para o Rio de Janeiro. Em 1o de maio de 1936 Marighella foi novamente preso e enfrentou, durante 23 dias, as terríveis torturas da polícia de Filinto Müller. Permaneceu encarcerado por um ano e, quando solto pela “macedada” – nome da medida que libertou os presos políticos sem condenação -- deixou o exemplo de uma tenacidade impressionante. Transferindo-se para São Paulo, Marighella passou a agir em torno de dois eixos: a reorganização dos revolucionários comunistas, duramente atingidos pela repressão, e o combate ao terror imposto pela ditadura de Getúlio Vargas. Voltaria aos cárceres em 1939, sendo mais uma vez torturado de forma brutal na Delegacia de Ordem Política e Social (DOPS) de São Paulo, mas se negando a fornecer qualquer informação à polícia. Na CPI que investigaria os crimes do Estado Novo o médico Dr. Nilo Rodrigues deporia que, com referência a Marighella, nunca vira tamanha resistência a maus tratos nem tanta bravura. Recolhido aos presídios de Fernando de Noronha e Ilha Grande pelo seis anos seguintes, ele dirigiria sua energia revolucionária ao trabalho de educação cultural e política dos companheiros de cadeia. Anistiado em abril de 1945, participou do processo de redemocratização do país e da reorganização do Partido Comunista na legalidade. Deposto o ditador Vargas e convocadas eleições gerais, foi eleito deputado federal constituinte pelo estado da Bahia. Seria apontado como um dos mais aguerridos parlamentares de todas as bancadas, proferindo, em menos de dois anos, cerca de duzentos discursos em que tomou, invariavelmente, a defesa das aspirações operárias, denunciando as péssimas condições de vida do povo brasileiro e a crescente penetração imperialista no país. Com o mandato cassado pela repressão que o governo Dutra desencadeou contra o comunistas, Marighella foi obrigado a retornar à clandestinidade em 1948, condição em que permaneceria por mais de duas décadas, até seu assassinato. Nos anos 50, exercendo novamente a militância em São Paulo, tomaria parte ativa nas lutas populares do período, em defesa do monopólio estatal do petróleo e contra o envio de soldados brasileiros à Coréia e a desnacionalização da economia. Cada vez mais, Carlos Marighella voltaria suas reflexões em direção do problema agrário, redigindo, em 1958, o ensaio “Alguns aspectos da renda da terra no Brasil”, o primeiro de uma série de análises teórico-políticas que elaborou até 1969. Nesta fase visitaria a China Popular e a União Soviética, e anos depois, conheceria Cuba. Em suas viagens pôde examinar de perto as experiências revolucionárias vitoriosas daqueles países. Após o golpe militar de 1964, Marighella foi localizado por agentes do DOPS carioca em 9 de maio num cinema do bairro da Tijuca. Enfrentou os policiais que o cercavam com socos e gritos de “Abaixo a ditadura militar fascista” e “Viva a democracia”, recebendo um tiro a queima-roupa no peito. Descrevendo o episódio no livro “Por que resisti à prisão”, ele afirmaria: “Minha força vinha mesmo era da convicção política, da certeza (...) de que a liberdade não se defende senão resistindo”. Repetindo a postura de altivez das prisões anteriores, Marighella fez de sua defesa um ataque aos crimes e ao obscurantismo que imperava desde 1o de abril. Conseguiu, com isso, catalisar um movimento de solidariedade que forçou os militares a aceitar um habeas-corpus e sua libertação imediata. Desse momento em diante, intensificou o combate à ditadura utilizando todos os meios de luta na tentativa de impedir a consolidação de um regime ilegal e ilegítimo. Mas, mantendo o país sob terror policial, o governo sufocou os sindicatos e suspendeu as garantias constitucionais dos cidadãos, enquanto estrangulava o parlamento. Na ocasião, Carlos Marighella aprofundou as divergências com o Partido Comunista, criticando seu imobilismo. Em dezembro de 1966, em carta à Comissão Executiva do PCB, requereu seu desligamento da mesma, explicitando a disposição de lutar revolucionariamente junto às massas, em vez de ficar à espera das regras do jogo político e burocrático convencional que, segundo entendia, imperava na liderança. E quando já não havia outra solução, conforme suas próprias palavras, fundou a ALN – Ação Libertadora Nacional para, de armas em punho, enfrentar a ditadura. O endurecimento do regime militar, a partir do final de 1968, culminou numa repressão sem precedentes. Marighella passou a ser apontado como Inimigo Público Número Um, transformando-se em alvo de uma caçada que envolveu, a nível nacional, toda a estrutura da polícia política. Na noite de 4 de novembro de 1969 – há exatos 30 anos -- surpreendido por uma emboscada na alameda Casa Branca, na capital paulista, Carlos Marighella tombou varado pelas balas dos agentes do DOPS sob a chefia do delegado Sérgio Paranhos Fleury.

FILME: OCCUPATION 101 - A VOZ DA MAIORIA SILENCIADA

Sinopse: O filme trata das raízes históricas do conflito entre Israel e Palestina, abrangendo uma ampla gama de assuntos, entre os quais: a primeira onda de imigração dos judeus europeus para a região da Palestina nos anos de 1880; as tensões dos anos de 1920; as guerras de 1948 e 1967; a primeira Intifada de 1987; o processo de paz de Oslo; a expansão dos acampamentos judeus; o bloqueio econômico e a ocupação de Israel na Faixa de Gaza; o papel dos EUA no conflito; o testemunho das vítimas da ocupação israelense. Ficha técnica: Ano: 2006 País: Federação dos Estados da Micronésia, Estados Unidos Gênero: Documentário Duração: 90 minutos Direção: Abdallah Omeish, Sufyan Omeish

quarta-feira, 15 de julho de 2015

O LIBERTÁRIO: LIMA BARRETO

O libertário Lima Barreto 

 (por: W.B.)

  Afonso Henriques de Lima Barreto nasceu em 1881. Seu pai, o tipógrafo João Henriques, era mestiço, filho de escrava e de um português que nunca lhe reconhecera a paternidade. Amália Augusta Barreto, professora, mãe de Lima, era filha de uma negra da segunda geração de escravos da família Pereira de Carvalho.
 João Henriques tinha o sonho de ver o filho com prosperidade e reconhecimento social. Afonso teria nascido, porém, sob um signo ruim. Veio ao mundo numa sexta-feira 13 de maio, dia de Nossa Senhora dos Mártires. Mas o martírio de Lima parece advir mais da época e local de seu nascimento (a retrógrada sociedade brasileira de fins do século 19) que da data supostamente agourenta em que por acaso se deu.  No dia em que completara sete anos de idade, Lima foi levado pelo pai para um passeio pelo Rio de Janeiro. A cidade estava em festa: era a abolição da escravatura. O menino Afonso não tinha muita noção, até aquele momento, do que vinha a ser escravidão. De fato nunca havia visto escravos, já que eles não eram frequentes na cidade do Rio por aquela época, sendo considerados símbolos de provincianismo e atraso, inadequados a um grande centro. 
 Em meio aos festejos, ecoava pelas ruas uma palavra que viria a se tornar quase sagrada para Lima Barreto: liberdade. Para o menino, parecia que, a partir daquele momento, tudo era permitido, não havia mais barreiras, empecilhos à felicidade. Mas Afonso, órfão de mãe desde o ano anterior, ainda passaria muitos dissabores na vida.
 No ano seguinte, 1889, dava-se a proclamação da República. Aos olhos de Lima, este acontecimento não trazia nenhuma alegria como a presente nas ruas do Rio no ano anterior. Pelo contrário: o que se via era a população assustada sem entender direito o que estava acontecendo. Militares tomavam o governo e alardeavam grandes melhorias sociais. Mas estas não surgiram. O poder apenas mudara de mãos. 
 Os que de alguma forma estavam envolvidos com o regime anterior eram perseguidos, enquanto os bajuladores dos novos donos do poder galgavam altas posições sem esforço ou mérito. João Henriques ficara em uma situação delicada. Era funcionário da Imprensa Nacional e compadre do Visconde de Ouro Preto. Logo os antigos laços com a monarquia, e o estigma decorrente deles, tornariam insuportável para João sua permanência no cargo. Pediu demissão antes que ela lhe fosse imposta. 
 Em março de 1890, João Henriques conseguiu emprego como escriturário das Colônias de Alienados da Ilha do Governador. Seu coração guardava grandes esperanças de o filho se tornar doutor e não passar pelas humilhações e decepções de que ele próprio fora vítima. Com muito esforço, e auxílio de alguns conhecidos ilustres, garantiu ao menino um bom estudo no afamado Liceu Popular Niteroiense e no Colégio Paula Freitas.
 Em 1897, Afonso Henriques de Lima Barreto ingressou na Escola Politécnica do Rio de Janeiro. Logo de início, deparou-se com o racismo; um veterano diria sobre o recém-admitido: “Que audácia um mulato usar o nome do rei de Portugal!” No curso ainda enfrentaria perseguição de professores e antipatia de boa parte do alunado em virtude de sua cor e também de sua independência de pensamento. 
 Cedo demonstrou preocupações políticas, tendo inclusive ingressado na chamada Federação de Estudantes. Acabara, no entanto, por abandoná-la em virtude de esta ter se posicionado em favor do regime militar obrigatório. 
 Por indicação do colega Bastos Tigres, Lima Barreto começou a escrever no jornal estudantil A Lanterna, o qual se definia como “órgão oficioso da mocidade de nossas escolas superiores”. Futuramente viria a escrever para outro A Lanterna (autodefinido como “jornal anticlerical”), deixando clara sua filiação ao Anarquismo. Mas mesmo neste primeiro momento na imprensa estudantil, a pena de Lima dá mostras de sua vocação libertária, manifestada em críticas ferrenhas e ironias demolidoras. Era impressionante ver como aquele rapaz tímido se expressava desenvolta e corajosamente por escrito.
 Em 1902 João Henriques enlouqueceu: dormiu são e acordou doente. Trágico. Inexplicável. Afonso se viu forçado a abandonar a Escola Politécnica. Prestou concurso para funcionário civil do Ministério da Guerra, foi aprovado. O ambiente do trabalho desgostava-o. Suas convicções antimilitaristas faziam-no detestar o Ministério. Foi lá, porém, que conheceu o anarquista Domingos Ribeiro Filho que viria a influenciá-lo teoricamente. 
 Iniciou, no Correio da Manhã, uma série de reportagens sob o título “Os Subterrâneos do Morro do Castelo”. O Morro do Castelo era para Lima um interesse frequente. A modificação da paisagem original do Rio de Janeiro sempre lhe parecera um crime. Vê-se que o escritor foi pioneiro nas preocupações em relação à Ecologia e ao patrimônio histórico. Nestas crônicas para O Correio da Manhã, Lima foi introduzindo elementos ficcionais, já que sua veia literária começava a falar mais alto que a vocação jornalística. Ainda assim sentia falta de uma maior liberdade de criação. Foi aí que, junto com outros intelectuais libertários – como Curvelo de Mendonça, Domingos Ribeiro Filho e Elísio de Carvalho –, Lima fundou a revista Floreal em 1907. Tratava-se de uma publicação com preocupações literárias, filosóficas e políticas que buscava dar voz aos escritores e pensadores autênticos que não se rebaixavam a tornar o texto um adorno social, uma bajulação aos poderosos ou um passatempo inofensivo e alienante. Na revista, Lima Barreto começou a publicar capítulos do romance Recordações do Escrivão Isaías Caminha, porém ela acabou não passando do quarto número. 
 Como publicaria o romance? As editoras brasileiras não o aceitavam... Enviou os originais para Portugal e acabou conseguindo que o editor A. M. Teixeira o publicasse. O livro é agressivo, contundente. Era fácil, na época, identificar as pessoas nas quais Lima havia se baseado para criar seus personagens. As críticas eram direcionadas sobretudo ao Correio da Manhã. Em Recordações do Escrivão Isaías Caminha estava presente toda a redação daquele jornal e também muitas outras figuras conhecidas da sociedade de então. O livro, porém, não ficaria datado nem traria críticas demasiadamente particulares. A narração da trajetória de Isaías Caminha constitui um ataque à imprensa burguesa em geral, ao falso moralismo, ao Capitalismo e à sociedade hierárquica, permanecendo atual mesmo com o passar dos anos. 
 Lima estava feliz: conseguira publicar. A edição foi posta à venda em dezembro de 1909. Aguardou as críticas que certamente viriam. Se falassem bem, seria ótimo. Caso atacassem o livro, também não haveria problema, pois a polêmica em torno do romance faria com que as idéias presentes nele fossem debatidas. Lima não era homem de temer críticas: negro, anarquista e pobre, recebia-as o tempo todo. Mas ocorreu a única coisa da qual não tinha como se defender: o silêncio.
 O boicote ao nome de Afonso Henriques de Lima Barreto se deu principalmente no Correio da Manhã, de Edmundo Bittencourt. Mas não se restringiu a este jornal. Toda a imprensa burguesa, subserviente a Bittencourt e antipática às idéias de Lima, se negou a comentar o romance. 
 Mesmo assim o escritor conseguiu que, a 11 de agosto de 1911, o Jornal do Comércio iniciasse a publicação, em folhetins, de Triste Fim de Policarpo Quaresma. Trata-se de um romance em que Lima troça do Nacionalismo, personificado na figura ridícula do patriota Policarpo Quaresma. A narrativa retrata militares e políticos como pessoas covardes e sem caráter, caricaturando até mesmo o Presidente Floriano Peixoto. Mas o ousado romance alcançou pequena repercussão naquele momento. 
 Em setembro de 1912, o escritor publicava Aventuras do Doutor Bogóloff, obra mais explicitamente humorística, mas também dotada de caráter crítico. Bogóloff é um anarquista russo que se envolve em várias aventuras pelo Brasil, sempre se admirando dos curiosos hábitos locais e de nossa sociedade de valores tão deturpados e esdrúxulos. Mais tarde, em 1918, Lima escreveria crônicas para o jornal libertário A Lanterna com o pseudônimo de Dr. Bogóloff.
 Em 15 de março de 1915, o jornal A Noite inicia a publicação, em folhetins, de Numa e a Ninfa. Esta narrativa ataca mais diretamente os políticos, a corrupção e a moral sexual burguesa com suas falsidades. Chega a conter personagens que fazem vista grossa em relação a casos extraconjugais das esposas, visando a melhores posições no governo. O texto explicitamente retrata as classes dominantes como hipócritas e anti-éticas.  1916 seria um bom ano para Lima Barreto. Triste Fim de Policarpo Quaresma foi publicado em livro: uma bela edição de capa dura. 
Desta vez o romance chamou a atenção de críticos e chegou a ser elogiado. Neste formato suas qualidades literárias ficaram mais visíveis. Com o texto reunido num só volume, ficam mais explícitas a coerência interna e a coesão da narrativa. O livro divide-se em três partes com aproximadamente a mesma extensão, e que correspondem às tentativas de reforma empreendidas pelo personagem principal. Na primeira, Policarpo Quaresma tenta empreender uma reforma através da cultura, buscando as raízes da brasilidade no folclore e nos costumes das populações autóctones. Descobre que quase todas as danças, músicas e festas populares locais tinham origem estrangeira. Conclui que até mesmo o idioma falado no Brasil veio de fora e portanto deveria ser substituído. O trecho termina com Policarpo indo parar no hospício, em virtude de suas manias nacionalistas. Fica demonstrado que as culturas se interpenetram e que a própria ideia de uma cultura nacional é, em última análise, inconcebível. 
 Na segunda parte do romance, Policarpo tenta empreender uma regeneração da pátria através da agricultura, mas se depara com a politicagem e as injustiças características da organização social vigente. Vê que o Brasil não é a terra abençoada por Deus em que “em se plantando tudo dá”. Fica demonstrado que iniciativas baseadas no ufanismo e na crença da superioridade natural de qualquer região são incapazes de corrigir problemas locais, por estes terem raízes na estrutura social.
 Ao fim do livro, o personagem principal – movido por seu estúpido Nacionalismo – alia-se ao Presidente Floriano Peixoto para combater a Revolta da Armada (1893). Aí é que se dará seu triste fim anunciado no título do livro, e que explicita toda a hediondez do patriotismo. 
 Aliás, Lima Barreto sempre demonstra em seus escritos uma aversão ao Nacionalismo. Em Recordações do Escrivão Isaías Caminha, quando o personagem é preso injustamente murmura cheio de ódio: “A pátria...”. E o próprio Policarpo Quaresma acabaria concluindo que a pátria é “um mito, (...) um fantasma, (...) uma ilusão, uma idéia (...) que nascera da amplificação da crendice dos povos grego-romanos de que os ancestrais mortos continuariam a viver como sombras e era preciso alimentá-las para que eles não perseguissem os descendentes”. Tal posicionamento é coerente com o Internacionalismo assumido pelos anarquistas, entre os quais Lima Barreto se inclui. Apesar dos riscos, o escritor chegava, em alguns momentos, a explicitar sua filiação ideológica. No livro de observações clínicas do Instituto de Psiquiatria da Universidade do Brasil consta que, em sua primeira estada no hospício em agosto de 1914, declarara que “adota as doutrinas anarquistas e quando escreve deixa transparecer, debaixo de linguagem enérgica e virulenta, os seus ideais”. 
 Voltaria a ser internado em 1917. Neste mesmo ano, em carta a Rui Barbosa datada de 21 de agosto, veio a se declarar candidato à Academia Brasileira de Letras na vaga de Souza Bandeira. A candidatura, porém, não foi sequer considerada. No mês seguinte surgiu, em livro, Numa e A Ninfa, bem como a segunda edição de Recordações do Escrivão Isaías Caminha.
 Barreto continuou ousado e desafiador. Apesar de sua delicada posição de funcionário público e arrimo de família, lançou, na revista ABC, o texto que viria a ser conhecido como Manifesto Maximalista. Trata-se uma defesa da insurreição popular, e de um elogio da então recente Revolução Russa, de que os anarquistas também tiveram participação, e a qual se acreditava pudesse conduzir à autogestão generalizada. Sempre coerente, Lima Barreto suspenderia a colaboração a ABC em 1919 pelo fato de ter sido publicado um artigo contra a raça negra, nessa revista.
 Insistente, Lima voltou a se candidatar à Academia Brasileira de Letras em 1919, desta vez na cadeira de Emílio de Menezes. Como era de se esperar tendo em vista o caráter conservador que a ABL manifestava desde o início, ele perde. No ano seguinte, apresentou Vida e Morte de M. J. Gonzaga de Sá como candidato ao prêmio da Academia Brasileira de Letras para melhor livro publicado no ano anterior. Alcançou apenas uma menção honrosa.
 Candidatou-se ainda uma 3ª vez à ABL, talvez como pura provocação. Tanto sabia da impossibilidade de a conservadora academia conceder-lhe a vaga de João do Rio que, pouco tempo depois, retirou a candidatura. 
 Na tarde de 1º de novembro de 1922, dia de Todos os Santos, o escritor Afonso Henriques de Lima Barreto morria de gripe toráxica e colapso cardíaco. Para o velório, à noite, começaram a chegar, tristes, os conhecidos do escritor: gente simples do subúrbio, amigos humildes de botequins, compadres e afilhados. Surgiu no meio deles um homem desconhecido de todos com um pequeno ramalhete de perpétuas. Depois de espalhá-las respeitosamente no caixão, descobriu-lhe o rosto e – de lágrimas nos olhos – beijou-lhe a testa. Quando perguntaram ao homem sua identidade, respondeu ser apenas mais um que leu e amou Lima Barreto, este grande amigo dos desvalidos. Que Lima Barreto seja sempre valorizado pelo povo que tanto amou. Que sua escrita seja vista como o que de fato é: uma obra de arte corajosa e empenhada em gerar entendimento entre os seres humanos, contribuindo para dar voz àqueles excluídos que a sociedade autoritária acha indigno retratar.

sábado, 11 de julho de 2015

ANARCHY IN THE UK: SEX PISTOLS

MY WAY

FILME: FAHRENHEIT (FARSA DO 11 DE SETEMBRO)






Fahrenheit 9/11 é um documentário americano de 2004 escrito, estrelado e dirigido pelo cineasta estadunidense Michael Moore. Fala sobre as causas e consequências dos atentados de 11 de setembro de 2001 nos Estados Unidos, fazendo referência à posterior invasão do Iraque, liderada por esse país e pela Grã-Bretanha. Além disso, tenta decifrar os reais alcances dos vínculos que existiriam entre as famílias do presidente George W. Bush e a de Osama bin Laden.